Thamirys de Matos
Revivências de uma árvore
Passarinho soltou do bico,
Grelou na mata fechada.
Por séculos e séculos sagrada morada,
Fonte de alimento pra gente-humana e gente-bicho.
Vieram as máquinas, virou madeira ilegal.
Curumim cuspiu caroço,
Nasceu na margem.
Por décadas e décadas proteção,
Abrigo pra garças, guarás e guaribas,
Para tantos espíritos e plantas serviu mansão.
Veio a barragem, tombou na erosão.
Por anos e anos no coração da floresta...
Veio a expropriação, território virou campo de...
Para o agro servir, queimada foi sacrificada.
Enfrentou garimpos, monocultura, serras e pastos,
Tantos percalços, vivências como
Angelim, maçaranduba, castanheira, cajueiro,
Mangueira, jatobá, embaúba, açaizeiro,
Mogno, seringueira, copaíba, capuraneira...
Vidas e desvidas até voltar goiabeira:
Em campos quilombolas, Dona Sílvia plantou semente
E no meio do terreiro já faz sombra pra atar rede.