Maria Elisa S Ribeiro

TROPEÇO


Porque olhava adiante
não no espaço
— o chão abaixo,
o imediato a frente —
mas no tempo

o mundo transfigurado
as dores próprias e as dele
que ainda não sabia, mas que viriam
e a névoa que lhe embaçaria os dias
dali a alguns meses
para sempre  

tropeçou (novamente)
bateu com a testa no poste
e a pancada foi tão forte 
que viu estrelas
inexistentes
como o sangue que buscou
tateando a fronte
ou o bordô
da menstruação que ainda não descera.