Julia Sobral Campos

Estrelas


A mão invisível me segura a nuca,
Impedindo-me de olhar o céu.
Uma força estável me faz engolir palavras
Que pertencem ao mundo.

Eles correm: nós ficamos atrás, varrendo a poeira.
Na tentativa de alcançá-los, o tropeço.
A trilha não foi feita para os nossos pés.
Abrimos caminhos enquanto eles veem as estrelas.

Um dia, força será mais resiliência e menos bíceps;
Sexo será mais pele, menos pênis.
Um dia, as palavras estarão tão embebidas de nós
Que já não fará sentido dividir o mundo em dois.
Um dia, a poeira ficará no chão,
Porque estaremos ocupadas dançando
Com as estrelas.